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ACM Neto e o milagre da pigmentação política

Se a política baiana fosse novela mexicana, ACM Neto seria aquele personagem que some em duas temporadas, volta mais bronzeado e, do nada, aparece dizendo: “Sou pardo agora!”. Sim, senhoras e senhores, o herdeiro mais branco do clã Magalhães um dia tentou se autodeclarar “pardo” para abocanhar um pedaço mais generoso do fundo eleitoral. A cara de pau daria inveja até ao cacto do sertão, que pelo menos não precisa inventar cor pra sobreviver.

Eis que o mesmo ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e atual vice do União Brasil, resolveu agora se reinventar como líder da oposição a Lula. Defendeu que o partido largue os ministérios do governo, como quem devolve marmita fria de quentinha: “Não quero mais, já enjoei!”. Só que o movimento não é de independência, mas de desespero. Afinal, sem Bolsonaro para segurar vela, o bolsonarismo virou um boteco falido. E quem aparece para assumir a herança indigesta? Ele mesmo, Neto, o pardo honorário de ocasião.

É hilário: de um lado, ACM tenta posar de estadista, batendo no peito e dizendo que é “contra neutralidade”. De outro, está se agarrando com unhas e dentes ao PP e aos restos mortais do bolsonarismo, que hoje cabem numa Kombi estacionada na Barra. Ele quer ser o presidenciável da direita em 2026, mas tem currículo de ator mirim de novela infantil: sempre pronto para mudar o figurino e interpretar o papel que o público pede.

O problema é que o público baiano tem memória. Lembra que Neto se enrolou todo em 2022, quando fugiu de Bolsonaro como quem foge de fiscal da blitz, mas depois ensaiou aproximações discretas, sempre com aquele jeitinho de “não fui eu”. Agora, com o mito atrás das grades, Neto se coloca como padrinho dos órfãos. É tipo DJ reserva de micareta: não sabe tocar a música, mas sobe no trio porque a multidão já está bêbada demais para perceber.

A autodeclaração parda, claro, continua sendo a cereja do bolo. É como se o neto da oligarquia quisesse provar que é gente como a gente… mas só quando tem grana pública envolvida. Faltou apenas declarar ser também quilombola, ribeirinho e pescador artesanal. Quem sabe na próxima tentativa? Afinal, coerência nunca foi exigência nesse teatro pastelão que chamamos de política brasileira.

Enquanto isso, Lula observa de camarote, Jerônimo faz pose de governador amigo do povo e os bolsonaristas baianos… bem, esses estão ocupados compartilhando correntes no Telegram. O que sobra é ACM Neto, sozinho no palco, trocando de máscara como palhaço em circo decadente, tentando convencer que não é mais herdeiro branco de elite, mas sim líder popular pardo e oposicionista raiz.

Se colar, é gênio. Se não colar, ao menos garantiu boas piadas para os próximos carnavais.

 

Por Redação

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